Com a proximidade dos eventos esportivos – Copa do Mundo em 2014, e Olimpíada em 2016 –, o cenário de segurança pública no estado do Rio de Janeiro está em transformação. O projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), que começou em dezembro de 2008, no Morro Dona Marta, em Botafogo, deu início a uma nova política de segurança, que já se consolidou. Segundo o governador do Rio, Sérgio Cabral, até 2016 o estado fará a inclusão de aproximadamente 10 mil policiais militares nas ruas e 50 UPPs serão instaladas nas comunidades hoje dominadas pelo tráfico de drogas.
De acordo com ele, o estado já possui condições de realizar a Olimpíada. “Fizemos um trabalho de planejamento, com metas e objetivos a serem atingidos. Se ela (Olimpíada) fosse amanhã, teríamos todas as condições de realizá-la com tranquilidade, a exemplo do que fizemos no Pan-americano de 2007”, destaca Cabral.
O governador diz ainda que as UPPs não nasceram apenas por conta da escolha do País em sediar a Copa do Mundo, e do Rio em abrigar a Olimpíada. “Queremos um estado pacificado não só para o atleta, para o turista, mas para o cidadão que vive aqui e ama esse estado. Estamos investindo também na formação de uma nova geração de policiais. A segurança da cidade para seus moradores e a ‘Família olímpica’ são dois principais pontos que norteiam o projeto de segurança da Olimpíada de 2016, que deixará um legado para a transformação da cidade, do estado e do País”, afirma.
Sérgio Cabral diz não ter a ilusão de acabar com o tráfico de drogas. “O que eu tenho é a certeza de que, com essa política voltada para a segurança, vamos conseguir acabar com o poder paralelo, com o controle territorial armado nas comunidades do Rio. Hoje, mais de um milhão de pessoas vive a paz de poder dormir sem o domínio do poder paralelo se levarmos em conta o entorno dessas comunidades”, avalia.
As UPPs, segundo Cabral, também estão criando uma cultura dentro da polícia. “Esse trabalho vai avançar com critério e cuidado, criando uma nova cultura na polícia, com policiais formados dentro de uma nova mentalidade. E, além de segurança, que é a primeira a chegar, em seguida, e imediatamente, chegam as ações sociais que são a garantia da verdadeira cidadania”, observa.
Capitã da PM Priscila |
QUALIFICAÇÃO. Durante duas semanas do mês de julho os Policiais Militares voltaram para a escola para ter aulas em horário integral. Nesse período, os agentes de segurança tiveram aulas teóricas, instruções práticas e puderam participar de oficinas cujos temas tratavam sobre o conceito da letalidade e o uso racional da arma de fogo. O curso foi desenvolvido por meio de um convênio firmado entre a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e a secretaria de segurança do estado.
Para o superintendente de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, esta formação é o pontapé na realização dos encargos olímpicos. “O curso faz parte de uma série de ações, preparações e qualificações para os quadros das instituições de segurança pública. Nós nos comprometemos com o Comitê Olímpico de realizá-lo. Como em qualquer área de conhecimento humano, a gente só consegue aprimorar e profissionalizar o operador de segurança especializando-o com estudos e cursos que melhor o habilitem”, explica Beltrame.
Confiram o trecho da entrevista com o superintendente de segurança pública do Rio, José Mariano Beltrame..
Ele diz que nos últimos 10 meses os resultados com relação a segurança do estado foram animadores. “As coisas começam a mudar. A Polícia Militar evolui quando ela senta para pensar, analisar e investir na técnica. Continuaremos com essa qualificação por meio de novos cursos, e investindo na inteligência.” Beltrame acredita que os cursos de qualificação e reciclagem são os melhores meios para que tudo ocorra com tranquilidade em 2016. “Não há outro meio para que isso aconteça senão pelo aprimoramento técnico-profissional daqueles que são imprescindíveis para o sucesso de tão grandiosos eventos. Estamos treinando os policiais com armas não letais também, que serão muito utilizadas”, diz.
Ele não descarta o uso da arma de fogo, mas ressalta que quando se fizer necessário usar a força, isso precisa ocorrer em obediência à lei e a melhor técnica possível.
Secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame |
Mas nem todos concordam com a instalação das Upps, confiram o vídeo de uma moradora da baixada fluminense.
Luan Seixas.